Me coloquei em frente
de um espelho e vi um corpo deformado, peles descidas pela diferença de 20 kg
desaparecidos, uma barriga inchada ainda pelos divertículos, testículos
dependurados forma saco de café, rugas em nada correspondendo a imagem vendida
no Facebook como um Don Juan ainda galã, garanhão (isso talvez ainda pelo
hábito, que aqui faz o monge) e me recordei da minha amiga deitada num chaise
longue junto à piscina, ela ainda sexy, e num papel escrevi este poema como um
ato de verdade. Afinal estamos vivos mesmo na ponta final!
Amor
sexagenário
As gordas são Mulheres
As sexagenárias também,
Amam, sofrem orgasmos de amor e respeito
Mesmo
virtual.
Foi doce amar-te sentir-te na camara nua
Para mim, com
teus peitos caídos
Sucos de mel
por adoçar meus lábios,
Separados
pela distância,
Mas juntos no gesto de uma masturbação sofrida,
Desajeitada,
Mas dela surtiu, nasceu o amplexo
Num grito de prazer,
Entrou em mim
também.
Em gesto
semelhante me molhei
CARLOS SEMEDO-LISBOA-2015