..Saudades de tirar água no rio na Cabaça de meu tio Faustino....saudades da nossa velha Cubata.
Lá no nosso kimbo os candengues do barros com seus carros de latas perdiam a noção do tempo...quando o tempo não tinha tempo para agente inventávamos horas!.
Tenho saudades das nossas baladas da nossa kianda e do nosso domingo bem planeado para uma sentada familiar
saudades das nossas Carapinhas duras das nossas tranças de rastas.e as tranças de amo que a minha fazia.
Saudades meramente saudades do nosso kimbumbo do nosso funge com malundo dos nossos kimbombos de farelo de milhos.
saudades dos nossos rios onde banhavamos nus no tempo onde a pele era só uma vestimenta como dizia Mia Couto.
Saudades de ver minha mãe pisando café no pilão com o mingo na costas.
Saudades de ordenhar a vaca e fazer broas para a merenda dos cassules.
No musseque bebia-se marufo da avô Chinda
e eu bebia para esquecer a Lucinda a minha prometida que fugiu com o Matias.
Saudades das nossas muimuilas com os seios ao ar livres ai ai...que saudades tenho de Angola onde se estendia peixe para fazer bagre fumado cozinhando com feijão de óleo de palma.
saudades dos nossos panos de Congo que minha avô costurava para fazer roupas para o alambamento da minha prima Odete.
Agora aqui na cidade só me resta recordar da minha terra onde tínhamos identidade onde éramos matumbos de nascença mas éramos felizes.
Que saudade tenho da minha terra produtiva onde todos eram camponeses,lavradores e analfabéticos.
de:Ângela Maria Corrêa-Luanda-2016
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